Homem-Aranha vs Senhor do Fogo – confira um dos maiores confrontos do aracnídeo nos quadrinhos!

Publicado: 12/01/2013 por Márcio Alexsandro Pacheco em Artigos, Quadrinhos (Comics)
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Geralmente as grandes estórias clássicas dos quadrinhos são produzidas em edições especiais ou minisséries, cuidadosamente planejadas para criar polêmicas, grandes confrontos, etc. Mas de vez em quando, no arco de estórias das revistas mensais (que possui um ritmo de produção mais acelerado, portanto mais difícil de se planejar), aparecem verdadeiras obras-primas. Isso acontece quando o roteirista e desenhista (que as vezes são a mesma pessoa) conseguem ficar em perfeita harmonia, de entrar na essência do personagem e dar ao leitor um trabalho exemplar.

E em 1985 o roteirista Tom DeFalco, que estava em seu auge criando estórias para o Homem-Aranha, juntamente com o seu parceiro desenhista Ron Frenz, agraciavam os leitores com excelentes arcos na revista mensal do cabeça-de-teia. DeFalco, que foi editor da Marvel por muitos anos, já havia posto a “mão na massa” fazendo estórias para os X-Men e Vingadores. Já Frenz praticamente começou a sua carreira assumindo a revista do Homem-Aranha. Ele tinha um estilo bem parecido com o do Steve Ditko, de fazer um Peter Parker/Aranha magrinho (ele assumidamente é fã de Ditko e Jack Kirby), o que caiu nas graças dos fãs.

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E foi nessa época que essa dupla nos presenteou na revista mensal Amazing Spider-Man #269 e #270 (no Brasil Homem-Aranha #86, publicado pela Abril em formatinho ainda) a estória “O Herói e o Holocausto“. Nela presenciamos o Senhor do Fogo, ex-arauto de Galactus – como diz o próprio Aranha “o cara que come planetas no café da manhã”, um ser de poderes cósmicos poderosíssimo (se iguala ao Surfista Prateado) que estava voando pelo espaço, e resolve fazer uma visitinha na Terra. Mas o cara é um arrogante idiota e provoca um tumulto, quando então é confundido por um mutante e é “atacado” (leva um jato de água fria na cara, não sei se posso chamar isso de ataque) por algumas pessoas.

Claro que um ser com o ego de um deus (e praticamente é) não gostou nada da hostilidade dos humanos, e muito puto da cara, saí destruindo tudo e todos. É nessa hora que o nosso amigão da vizinhança (ainda na fase do uniforme negro – de tecido mesmo, não o alienígena) se envolve no conflito, evitando que o esquentadinho mate as pessoas. Com sua incrível agilidade e seu sentido de aranha, nosso herói consegue acertar uns golpes no adversário, e inclusive agarrar o seu bastão de fogo, o que deixa o Senhor do Fogo perplexo: “Você teve sucesso onde inúmeros fracassaram, conseguiu pegar meu bastão flamejante!”, diz.

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Totalmente humilhado, o Senhor do Fogo jura se vingar do Aranha, nem que precise destruir a Terra para isso. É quando o Aranha descobre que o cabeça de fogo é ex-arauto de Galactus, e percebe que o cara é muito poderoso para ele enfrentar, e resolve então fugir e pedir ajuda para o Quarteto Fantástico, com o fogareiro em seu encalço. Mas ao chegar ao lugar onde devia estar o edifício Baxter (quartel-general do Quarteto), ele nada encontra lá, pois o prédio foi sugado para outra dimensão nas estórias do grupo.

Ele pensa em chamar Os Vingadores, mas eles estão do outro lado da cidade e não teria como ele ir até lá com o Senhor do Fogo em seu encalço destruindo tudo. Em um dos grandes momentos, e é aí que vemos como o roteirista é bom, o Aranha chega a pensar em tirar o uniforme (já que o Senhor do Fogo não conhece Peter Parker) e deixar que outra pessoa louca que cuide do problema. Mas ao ver uma foto do seu tio Ben, ele lembra que “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, e que não poderia deixar o Senhor do Fogo por aí ameaçando matar pessoas caso não o encontrasse.

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Assim, ele resolve encarar a parada sozinho mesmo. Fica o tempo todo fugindo do esquentadinho, mas criando armadilhas, como fazer ele atravessar vários prédios, fazer se chocar contra um trem, derrubando um gigantesco prédio abandonado em cima dele, e por fim, explodindo um posto de gasolina em cima do Senhor do Fogo. O legal que, durante todo esse tempo, o Aranha ainda se preocupa com a segurança das pessoas (eles estão no meio da cidade), o que deixa tudo ainda mais complicado. Ele ainda fica fazendo piadas, para deixar o seu oponente mais nervoso e também para não mostrar como está com medo dele. Após a explosão do posto, o Senhor do Fogo finalmente se encontra caído no chão, e o Aranha acha que finalmente o venceu. Mas então seu sentido de aranha começa a zumbir: o Senhor do Fogo estava fingindo, ele se levanta pronto para a briga.

Sem mais opções, e completamente esgotado, o escalador de paredes decide partir para o mano a mano com o adversário. E o incrível acontece. Graças ao seu sentido de aranha e à sua agilidade, e sua força de vontade, desencadeia uma sequência de golpes devastadora por todos os lados que só termina quando alguém toca no seu ombro e diz que a luta já havia terminado (finalmente o Capitão América e os Vingadores chegam para dar uma “mãozinha”). O Senhor do Fogo está, literalmente “apagado” no chão, e o Homem-Aranha se dá conta que havia vencido um dos seres mais poderosos do universo, com a cidade à sua volta completamente destruída.

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Certamente uma das melhores estórias do Homem-Aranha que você vai encontrar por aí. DeFalco soube usar as principais características da personalidade do herói (coisa que nas estórias atuais anda meio fraco), especialmente nas partes finais que ele parte pra porrada, em que diz que nunca vai desistir de tentar vencer o seu poderoso oponente. Stan Lee fazia bastante isso, de colocar o herói em situações complicadas, que a maioria das pessoas desistiria, mas não o Aranha, ele sempre arranjava força de vontade lá do fundo da sua alma para vencer os obstáculos. E assim são feitos os heróis. Com ou sem super-poderes, o que conta é a força de vontade de ultrapassar os seus limites e vencer a qualquer custo. Rocky Balboa que o diga!

Vale muito a pena a leitura dessa história, deixo abaixo os links para as duas revistas em português. Os arquivos estão zipados e são .cbr, formato para ler quadrinhos digitais (recomendo o programa CDisplay, especialmente desenvolvido para visualizar quadrinhos):

Espantoso Homem-Aranha #270 (1985) (ST-SQ)-001

comentários
  1. helisonbsb disse:

    clássico! bons tempos de hqs!!!!!

  2. Doug Ramsey disse:

    Há que se admitir. A mudança do uniforme do Cabeça de Teia foi uma tremenda mostra de coragem da Marvel na época (meados dos anos 80!). Se isso fosse tentado hoje, com a internet, acho que a repercussão seria enorme, e provavelmente as críticas não os fariam tomar esta atitude. De certa forma, fiquei chateado quando ele abandonou o uniforme negro. Baita saudade do tempo das revistas “formatinho” da Abril…

  3. Renato disse:

    Épico mesmo, eu tenho o Gibi da abril em formatinho dessa historia, surpreendente um confronto entre personagens de categorias bem distintas com a vitoria para o lado mais “fraco” mais sem forçar a barra de maneira realmente plausível, vale lembrar que o Homem aranha ja fez algo semelhante contra a Titantia

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